Introdução: O sussurro do vazio que incomoda

Em algum momento da vida, somos tomados por uma pergunta silenciosa, quase incômoda: “É só isso?” Mesmo em meio a conquistas, rotinas ajustadas e uma vida aparentemente funcional, o eco dessa pergunta ressoa como um chamado.
Não é uma crise. É um convite. Um chamado para mergulhar mais fundo, para tocar algo que não se vê, mas se sente. É a alma pedindo direção. E é nessa escuta que nasce a busca por sentido.
A inquietação como ponto de partida
A sensação de vazio não é um erro a ser consertado. Ela é o mapa do tesouro. Toda dor existencial, todo sentimento de desconexão, carrega a semente do propósito.
Segundo a Greater Good Science Center, da Universidade de Berkeley, indivíduos que cultivam um sentido de propósito claro na vida têm níveis significativamente mais altos de bem-estar subjetivo, além de maior resiliência emocional e saúde física.
Buscar sentido não é luxo de privilegiados. É base para uma vida com integridade interior. É alinhar as ações diárias com algo maior do que a própria sobrevivência.
O propósito não é um destino — é uma direção

Muitas vezes buscamos respostas definitivas, um “propósito final” que nos será revelado como uma missão gravada em pedra. Mas o sentido da vida não é uma linha de chegada. É o chão por onde caminhamos.
A psicologia humanista, especialmente pelas palavras de Viktor Frankl, nos lembra que o propósito é encontrado no encontro com o outro, na superação de si mesmo, e na entrega a algo maior — seja isso um valor, um projeto, uma causa ou uma relação.
Propósito não é fixo. Ele se transforma conforme crescemos. E ele não precisa ser grandioso. Às vezes, está em oferecer escuta, cuidar de uma planta, escrever um texto como este. Está em estar presente.
Quando a alma entra em sintonia
O momento em que sentimos sentido é geralmente sutil, quase imperceptível. É quando o coração relaxa, a respiração desacelera, e há uma espécie de sim interno. Você sente que, por alguns instantes, tudo está no lugar.
Esses momentos nos mostram que o sentido da vida não é um conceito, mas uma experiência. Um corpo que se aquece com o gesto certo. Um olhar que acolhe. Uma lágrima que cai e alivia.
É nesses instantes que percebemos que não somos fragmentos soltos. Estamos ligados. E algo dentro de nós sabe disso, mesmo quando a mente esquece.
Tabela: Vida com ou sem propósito
Aspecto da vida | Com propósito | Sem propósito |
---|---|---|
Motivação diária | Interna, autêntica | Externa, baseada em obrigação |
Relacionamentos | Nutritivos e conscientes | Reativos e desatentos |
Gestão emocional | Resiliência e clareza | Ansiedade e oscilação constante |
Saúde física | Mais energia e imunidade fortalecida | Fadiga e maior propensão a doenças |
Senso de valor pessoal | Alinhado com valores profundos | Flutuante, baseado na comparação |
Fonte: Greater Good Science Center, Berkeley
A prática de escutar o chamado
Cultivar sentido exige prática, como quem afina um instrumento todos os dias. A vida moderna, com sua urgência e distrações, rouba da gente essa escuta sutil. Por isso, é necessário desacelerar e retornar à presença.
Práticas como journaling, contemplação, silêncio intencional e respiração consciente são caminhos acessíveis para reconectar com o que importa de verdade.
O Mindful.org destaca que pessoas que dedicam tempo à autorreflexão têm maior clareza de propósito e tomam decisões mais alinhadas com seus valores.
Não se trata de buscar respostas prontas. Mas de formular melhores perguntas. Perguntas como:
- O que me emociona de verdade?
- Onde sinto que contribuo genuinamente?
- Que tipo de presença quero deixar no mundo?
Checklist: Marque o que já pratica
[ ] Reservo momentos para refletir sobre o que me move
[ ] Escuto minhas emoções como bússolas de sentido
[ ] Me conecto com algo maior que o “eu” (vida, natureza, silêncio)
[ ] Me permito dizer não ao que me desconecta
[ ] Tenho clareza de quais valores guiam minhas escolhas
[ ] Vivo experiências que me fazem sentir vivo(a)
[ ] Encaro crises como convites à profundidade
O que os mestres contemporâneos dizem
Eckhart Tolle ensina que “o propósito primário de cada ser humano é estar presente”. Para ele, viver com propósito é viver com atenção, mesmo nas ações mais simples.
Já Pema Chödrön convida a acolher a impermanência como parte do caminho de sentido. Afinal, quando aceitamos que nada dura para sempre, nos abrimos à beleza do momento presente.
Essas visões mostram que o propósito não está em fazer algo grandioso, mas em fazer o comum com consciência e presença.
Conclusão: O sentido está em viver a pergunta

A busca por sentido não é sobre encontrar uma resposta definitiva. É sobre viver com curiosidade, coragem e entrega. É aceitar que talvez nunca saibamos com certeza, mas que há beleza em caminhar com o coração aberto.
Quando você vive conectado ao que importa para sua alma, tudo muda. As pequenas coisas ganham profundidade. O ordinário se torna sagrado. E mesmo os dias difíceis se tornam parte de algo maior.
Então, se a pergunta “qual o sentido da vida?” ainda ecoa dentro de você, saiba: ela é o primeiro passo. Escute-a com carinho. E continue caminhando.
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Sugestões de leitura e referências
- Greater Good Science Center: https://greatergood.berkeley.edu/topic/purpose
- Mindful.org: https://www.mindful.org/why-purpose-matters
- Eckhart Tolle Foundation: https://eckharttollefoundation.org
Isabela Dharani é escritora e terapeuta holística. Escreve sobre espiritualidade, autoconhecimento e energia interior com uma linguagem acolhedora e transformadora. Acredita que o despertar começa nas pequenas escolhas diárias.